Opinião

Indiferença e estupidez, uma dupla imbatível

“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana; mas não tenho certeza absoluta em relação ao universo”. Esta frase atribuída a Albert Einstein fez-me pensar que a primeira ainda está sob investigação científica. A segunda, infelizmente, basta acompanhar as notícias e é comprovada diariamente… sobretudo quando olhamos para a falta crónica de estratégia que assola líderes, gestores e até países inteiros… com decisões estratégicas que têm tudo para dar BUUMMM!

Vivemos num mundo em mutação acelerada, onde a única constante é a mudança (sim, essa frase também já virou clichê de tanto ser ignorada). No entanto, diante dessa realidade, muitos continuam firmes e cegamente fiéis ao lema “deixa a vida me levar, vida leva eu…”, onde apenas a visão reactiva do hoje e os interesses do agora interessam. O agora são as minhas tarifas e o agora é a minha caixa com dinheiro de armas, ingredientes certos para dar BUUMM, económica e socialmente.

Visão de longo prazo? Pra quê? Decidir com base numa visão de curto prazo já não é apenas imprudente, é autossabotagem com juros compostos. Ai querido Einstein, a verdade empírica continua válida sobre a segunda hipótese, a da (des)inteligência humana, porque a indiferença das elites e decisores bateu todas as escalas e nem o ChatGPT ou DeepSeek têm dicionário que explique o tamanho da indiferença.

Pelas Áfricas, com boas e honrosas exceções, já perceberam que vão precisar de negociar bem esta última leva de matérias-primas finitas, observamos ainda que estão a ser influenciados pelos ventos do Oriente e começam a ter uma visão de longo prazo refletida em investimentos massivos, em educação, na integração de dados para analíticas e prestação de contas. O good governance começa a ser a um bom negócio.

Mas existem outras Áfricas que se arrastam… Governos que tropeçam e esperam por milagres, sem visão estratégica, ou melhor, cuja única estratégia real é torcer para que tudo se resolva por milagre, ou, quem sabe, que alguma inteligência artificial decida, mas o certo é que contribuem com ingredientes para dar BUUMM.

Ingredientes como um punhado de corrupção, duas colheres de má gestão, uma pitada generosa de indiferença e, claro, estupidez. Mistura-se bem, deixa-se descansar em banho-maria geopolítico e tudo pronto para o próximo BUUMM!

Naiole Cohen – Economista (In Jornal Económico )

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