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Brasileira denuncia assédio de comissários da TAAG durante voo

Uma personal trainer brasileira de 30 anos denuncia que foi vítima de assédio e importunação sexual por parte de tripulantes durante um voo da companhia aérea angolana TAAG.

Segundo avança a imprensa brasileira, a viagem de Taíssa Batista Tucci partiu de Luanda, Angola, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no último domingo.

Taíssa voltava de um intercâmbio na África do Sul e fez uma escala em Angola para regressar ao Brasil. Ao g1, contou que o episódio ocorreu durante a madrugada, quando ela seguia para o banheiro traseiro do avião.

“As luzes estavam baixas, e as pessoas dormiam. A equipa de comissários estava perto do banheiro do fundo. Eram 3 homens e 1 mulher”, lembra Taíssa.

A TAAG Airlines lamentou “profundamente o ocorrido”, abriu investigação e pediu desculpas “pela situação extremamente desconfortável e inaceitável durante o voo”.

Segundo a personal, pediu licença, passou entre os profissionais e entrou na cabine. Quando voltava para o seu assento, foi abordada por um deles.

“Ele disse que ‘o amigo de trabalho’ falava o quanto eu era bonita. Perguntaram se eu era casada, respondi que sim, e disseram: ‘Que pena pro seu marido’.Quando retruquei dizendo que era sorte dele, ouvi: ‘’Pena que ele precisa dividir’. Eu rebati dizendo que isso jamais aconteceria. Em seguida, um outro disse que no Brasil tinha uma coisa que eles não gostam: a Lei Maria da Penha.”

A passageira relata que se sentiu intimidada e constrangida com a sequência de comentários, e que optou por não reagir de forma mais incisiva. 

“Como eu já tinha passado por situações constrangedoras na África do Sul e em Angola, eu me senti acuada, com medo, e não consegui responder de forma que eu responderia. Eu estava sozinha com 3 homens ali. Estava com medo, frágil e impotente”, lembrou.

“Voltei para o meu assento e comecei a chorar. Eu estava frustrada como mulher, estava exposta. Ali eu era vítima de uma cultura do estupro, e não tinha ninguém para me ajudar. Até mesmo a comissária que estava perto deles era uma vítima. Imagina conviver com esse tipo de situação diariamente?”

Taíssa foi à polícia e usou as redes sociais para denunciar o caso. A personal também enviou uma denúncia para a TAAG.

O caso foi registrado como facto atípico na 16ª DP (Barra) e será encaminhado à Polícia Federal porque os factos ocorreram no interior o avião no espaço aéreo internacional.

O que diz a TAAG

Após a postagem, a empresa respondeu à passageira. A empresa lamentou “profundamente o ocorrido” e pediu desculpas “pela situação extremamente desconfortável e inaceitável durante o voo”.

Ainda de acordo com o e-mail recebido por Taíssa, a empresa informou que “o ambiente a bordo deve ser, acima de tudo, seguro e respeitoso para todos os passageiros, independentemente do gênero ou qualquer outra condição”.

A TAAG disse à Taíssa que encaminhou “com urgência a denúncia para as áreas competentes e que tomará todas as medidas necessárias para garantir que situações como esta não se repitam”.

Procurada pelo g1, a TAAG Airlines disse que “assim que tomou conhecimento do ocorrido, entrou em contacto com a passageira”.

A companhia salientou ainda que “abriu uma investigação formal para apuração rigorosa dos factos, e todas as medidas necessárias serão tomadas, conforme os resultados obtidos”.

A TAAG informou que “reforça o seu compromisso com a segurança e o respeito de todos os seus passageiros e reitera que não compactua com qualquer tipo de assédio, seja moral ou sexual, discriminação ou conduta inadequada, em nenhuma circunstância, seja a bordo de suas aeronaves ou em qualquer etapa da experiência de viagem”.

Providências jurídicas

O advogado de Taíssa, Daniel Blanck, informou que está a preparar uma queixa criminal por importunação sexual e assédio sexual contra a TAAG. Ele destaca que os crimes podem ser aplicados mesmo em território internacional, desde que haja conexão com o Brasil.

“Registramos um chamado na companhia, que se solidarizou e se comprometeu a abrir uma investigação sobre essa transgressão. Mas temos o aspecto civil, que é da indemnização pelos danos morais, já que a passagem foi comprada no Brasil. Vamos propor uma ação indemnizatória. O objectivo dessa acção é alertar, principalmente as mulheres, a denunciar esse tipo de crime. A Anac tem uma cartilha que orienta passageiros e passageiras que passam por esse tipo de situação desagradável e triste”, destacou o advogado. 

“Quando acontecer esse tipo de caso em um voo, é preciso registrar a situação no momento. Caso não consiga, chame o capitão da aeronave e peça que ele faça um registro de ocorrência no voo — e descreva toda a situação que aconteceu. Assim que desembarcar, procure imediatamente a Polícia Federal e faça um registro de ocorrência”, orientou.

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